Giro No Cinema

Nem tão velozes, Nem tão furiosos: Filme agrada, mas continua fugindo de uma história

Um cenário lindo, não é de se fazer feio, para um lugar como as Ilhas Canárias, dois carros que fazem uma disputa entre si em uma estrada tão estreita, bem na beirada. A tensão pelo momento se mistura com a beleza das ilhas, representando com exatidão o que se tornou a série Velozes& Furiosos após o quinto filme, que teve como cenário a Cidade Maravilhosa. Seguindo a fórmula de James Bond, Vin Diesel e cia. percorrem lugares mundo a fora, e é claro, fazem seus pegas nestes cenários. Uma das novidades trazida por Velozes e Furiosos 6 não é propriamente a marca, consagrada pelo sucesso dos filmes anteriores, mas na dimensão que tudo ganha.
 Assim, o novo filme traz as mesmas quedas que já se tornaram... iguais e marca registrada da série como um todo: a incrível inexpressividade de Paul Walker, a canastrice de Vin Diesel, o roteiro mirabolante e incoerente e, é claro, a clássica cena do pega onde carros e mulheres seminuas ao som de hip hop (O que faz lembrar da recente fraca franquia 'Corrida Mortal') dividem as mesmas cenas. São todas as características típicas de Velozes e Furiosos, as quais não podem faltar em qualquer filme da série O grande lance deste sexto episódio, é que há um clima de não se levar nem um pouco, Tão a sério, presente apenas nas cenas de ação mas especialmente nos atos dos personagens principais e na interação entre eles. O maior exemplo é a quantidade de piadas em torno de Dwayne Johnson, ressaltando seu porte físico, e a divertida sequência por ele estrelada ao lado de Ludacris.

O humor, por sinal, é um dos destaques de Velozes & Furiosos 6. Especialmente através de Tyrese Gibson, que assume a função de piadista da hora (como quase sempre). Com tiradas espirituosas, em diversos momentos ele rouba a cena e chega até mesmo a ofuscar os protagonistas. O lado família, marcante em Velozes & Furiosos 5 - Operação Rio, mais uma vez marca presença, não apenas pela união em torno de Dom mas também no sentido literal: agora Brian (Walker) é pai e, como tal, possui responsabilidades. Quer dizer, mais ou menos, pois a esposa (Jordana Brewster) é sempre bem condescendente com as aventuras do maridão. Difícil aceitar que, numa família minimamente normal, algo do tipo acontecesse. Mas como normalidade passa longe do universo de Velozes & Furiosos, tudo bem.
Entretanto, o grande carro chefe de Velozes & Furiosos 6 são as cenas de ação. Gigantescas, impactantes e por vezes brutais, como as duas impressionantes lutas entre Michelle Rodriguez e Gina Carano. A força bruta também vem à tona nas poucas lutas envolvendo The Rock, especialmente em seu combate final. Porém, são as perseguições que mais chamam a atenção. Não apenas pelo absurdo do que acontece mas também pelo lado visual, especialmente quando o carro-rampa do vilão Owen Shaw (Luke Evans) surge em cena causando capotagens espetaculares.

Velozes & Furiosos 6 é um filme que cumpre com eficiência aquilo que se propõe a ser: puro entretenimento. O roteiro é mal amarrado – por mais que haja um esforço em interligá-lo com os filmes anteriores da série -, o elenco é exagerado e há diálogos pra lá de batidos. Porém, há também cenas de
ação absurdamente deliciosas, daquelas que deixam o espectador boquiaberto diante do quão impossível é aquilo visto em cena, e soluções visuais bacanas que funcionam para o filme como um todo. É o chamado “guilty pleasure”, ou diversão com culpa, pelo reconhecimento do quão toscas são certas situações e, ainda assim, ser um filme bem divertido (as vezes sem graça). Aos apressados de plantão, fica ainda o aviso de que há uma importante cena após o término do filme, antes dos créditos finais, com uma surpresa parecida com a presente no quinto episódio. Se valeu a pena esperar tanto? Devia ter parado no Rio, e cancelar o sétimo!

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